Aqui, você vai encontrar os registros históricos que remontam ao século XIX, que resgatam a história do Porto do Pecém que existiu antigamente e que já se caracterizava como porto industrial e cargas diversas.
Até 2025, perdidos no tempo, os registros de que o Pecém tem vocação portuária, antes mesmo do projeto inaugurado no ano 2002, foram resgatados e disponibilizados ao público aqui no Museu Virtual do Pecém..
Jornais do século XIX apresentam matérias citando o Porto do Pecém, o que levou a se pesquisar o local do Pecém onde estaria referida estrutura e como era este antigo porto.
No ano de 1853, Jornal O Cearense publicou nota sobre o naufrágio do navio Yale Aguia a barlavento (direção de onde sopra o vento) do Porto do Pecém. Este é o registro mais antigo que se tem evidências do antigo porto.
Com a contribuição do pesquisador Josafá Terto, em 2025 se tomou conhecimento de um mapa do acervo do Arquivo Histórico do Exército Brasileiro, que faz a referência do Pecém, registram a imagem da ancora que representa locais de atracação e fundeio de embarcações, bem como a referência textual “Porto do Pecém”.
Os jornais da época, publicavam notas informativas informando o movimento dos portos e em 1861 o jornal Jornal Pedro II aponta que no dia 17/07/1861 a embarcação denominada Correiro da Imperatriz, de bandeira nacional, indicava o transporte de equipamentos e gêneros nacionais.
Outra publicação que também se identifica registros do antigo porto é o Almanaque da Província do Ceará de 1872, que relacionava os portos do Estado e os nomes dos profissionais (Capatazia e sub-capatazia) de cada um. Sobre o Pecém se verifica o capataz José Augusto de Araujo, estando na ocasião o cargo de sub-capataz, vago.
Já no final do ano de 1872, o Almanaque da Província do Ceará que circulou em 1873 já traz o nome do novo Capataz, no caso o sr. Antonio Joaquim de Paiva.
Ainda sobre os registros dos jornais, referente à movimentação dos portos do Estado, em 1882 o Jornal O Cearense apresenta o registro de embarcação Iate América, de bandeira nacional, atracada no Porto do Pecém.
As notas de jornais traziam também alguns fatos, como se verifica em 1886 a nota do Jornal Libertador indicando que o rebocador inglês de nome Maranhense saiu na manhã do dia 27 de dezembro rebocando um paquete (navio pequeno que transportava cartas e passageiros) que estava ancorado no Pecém, indo para o estado do Maranhão.
Fatos envolvendo o Porto do Pecém também eram vistos em notas de jornais. Em 1893 o jornal A República registra caso de investigação envolvendo o capataz do porto e alguns trabalhadores.
Em 1895 o Jornal A República traz uma matéria muito especial para o resgate da história. Descreve em parte a estrutura e o ambiente do porto. Cita que era um porto artificial com estrutura em aço, demonstrando ser similar à antiga Ponte dos Ingleses (Ponte Metálica) na praia de Iracema, antes de sua reforma. O jornal destaca ainda aspectos industriais, que haviam no entorno do porto, no caso indústrias de vitrificação de cerâmicas.
Em foto de morador local, de 1994 se identifica na praia uma estruturas quadriculares, que a comunidade desconhece saber do que se trata, imaginando ser apenas arrecifes. Em 2024, sabendo-se das citações dos jornais antigos, e verificando referida foto, iniciou-se uma busca por mais evidências que atestassem o local exato do antigo Porto do Pecém.
Em 2025, as buscas levaram até um registro fotográfico aéreo, feito em junho de 1997 pela antiga Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente, feito para acompanhar o início das obras do novo porto, que por ter sido realizado durante a maré baixa, apresentou imagens bem claras dos restos da estrutura do porto do século XIX.
Registro fotográfico de morador local, de meados de 1994, onde se vê umas estruturas quadriculares
Realizando buscas por mais imagens, foi identificado registro do Google, durante a maré baixa em setembro/2011, onde ainda é possível ver o que restou da antiga estrutura do porto, já totalmente encoberta pela areia o primeiro quadrante e o segundo quadrante já parcialmente coberto.
A faixa de areia no século XIX era bem mais estreita que nos últimos 15 anos, o que nos leva nos dias atuais a não ver mais de forma completa e nítida a antiga estrutura.
A história do Porto do Pecém não começa no dia de sua inauguração. Mas no suor de gerações que lutaram por sua viabilização.